Pensador por excelência e autodidata por vocação, Ed Borges é um criador de técnicas: como aprender de forma simples e lógica? Como pensar os conceitos através de imagens e abstrações? Como potencializar seus estudos e explicações?
Criador da Metodologia Lógica Gramatical e coach do Curso Intelectos, apresenta aqui, neste nosso BLOG Literário, alguns de seus textos.

"Aos meus mestres o meu sincero agradecimento. Mesmo trilhando o autodidatismo formal, tive o privilégio de ser alimentado por mentes brilhantes, que me expuseram ao mundo real, lógico e pragmático; porém lúdico, emocional e inexato."
- Ed Borges.
O Livre Arbítrio
Dádiva ou sentença, certo é que a o direito da autotutela traz consigo o dever da responsabilidade.
Não há o pró sem o contra. Não há prazer sem sofrimento.
A capacidade de "perceber" é absolutamente comparativa. Só sabemos que o bem existe ao compará-lo com o mal. Um é condição e resultado do outro, duas faces de uma mesma moeda.
E entre revezes e reversos, nem distinguiríamos a luz se não passássemos pela experiência da treva.
No exato momento em que o ser humano "abriu seus olhos", percebeu sua própria condição de ser vivente, devendo experimentar a morte para conceber-se vivo.
Vida e morte são um ponto único de um mesmo círculo. Ou esfera.
E que esfera seria essa?
Ora, seria algo que englobasse, ao mesmo tempo, duas forças de igual quilate, mas opostas. Matematicamente, seria o zero. O bem anula o mal e vice-versa. A coexistência dos antagonismos, mesmo um sendo essencial à existência do outro, gera a nulidade, ou o NADA. Sendo o NADA, portanto, o somatório de todos os antagonismos. Mas como todo antagonista possui seu protagonista, o NADA deve também ser o conjunto de TUDO. Novamente retornaríamos à dualidade das oposições.
Por mais paradoxal que pareça, não existiria o bem sem o mal.
Toda dádiva não é tão "dada" assim, pois há um preço. Ao ser dotado com o livre arbítrio, o homem pode conceber o mundo e conhecer o seu avesso: a consequência de si mesmo, o que ele faz dele mesmo, o que ele se torna.
E livre arbítrio não se resume à capacidade de optar, antes, de "entender" aquilo pelo que se opta. Sem o conhecimento não há escolha: é prisão.
Este tem sido nosso destino, aquele que escrevemos dia a dia, deleitando-nos conforme nossos dons e pagando o preço justo por eles.
Quando passarmos por todas as experiências, quando saldarmos todas as nossas dívidas, quando e apenas quando o nosso arbítrio não for apenas livre, mas também perfeito, aí sim alcançaríamos a divindade. E essa utopia teria seu preço: seria o fim de tudo. Ou um recomeço.
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